segunda-feira, 12 de abril de 2010

Contra Todos

Os capixabas do Dead Fish chegam aos 18 anos de carreira e sexto disco de estúdio em sua melhor forma. "Contra Todos", gravado durante dois meses entre os estúdios Tambor, no Rio, e Mega, em São Paulo foi o grande trabalho de hardcore brasileiro de 2009.




Desde 2004 a banda mora em São Paulo e lança seus trabalhos pela Deckdisc, sob a produção de Rafael Ramos. "Zero e Um" foi lançado em 2004 e marcava a passagem do grupo um passo além do underground, onde continuam nadando de braçadas e são o principal representante no país. "Um Homem Só" veio dois anos depois e já trazia o quinteto mais maduro, experimentando climas épicos e abordando temas de forma mais subjetiva.

Com a saída de Hóspede das guitarras, Rodrigo (vocais), Nô (bateria), Alyand (baixo) e Philippe (guitarra) se concentraram em longos ensaios no estúdio Hell No, novo QG da banda em São Paulo, para conceber seu álbum mais direto e visceral.

Em "Contra Todos", Philippe tira de letra o trabalho antes feito por duas guitarras. Alyand (baixo) e Nô (bateria), este em seu último trabalho pelo Dead Fish (o conjunto incorporou Marcos, também batera do Ação Direta, para comandar as baquetas a partir de agora), formam mais uma vez a cozinha mais potente do som pesado brasileiro e Rodrigo verbaliza (e como nunca!!!) a avalanche sonora. As palavras de ordem do disco são vitória e autonomia, e você ouve o trabalho como se lesse um livro, um romance, em que cada música puxa a seguinte.

Por vezes o recado é curto, como em "Não", "Shark Attack" e "Armadilhas Verbais", hardcores que tem menos de dois minutos. "Não", a música de abertura, não alcança nem o primeiro giro do ponteiro maior, com 57 segundos.

"Autonomia", "Venceremos" e "Quente" trazem toques modernos, por vezes esbarram no heavy metal, em outras no stoner, carregado no baixo e bateria.

Ás vezes o álbum flui como nos primeiros trabalhos da banda, como na música "Subprodutos". "Eles estão soando mais jovens do que quando os conheci, no começo da carreira. É o disco mais veloz deles, sem dúvida, e as letras estão diretas, dedo na cara." - opina o produtor Rafael Ramos.

Os capixabas também incluem influências variadas, como de bandas atuais que subverteram o peso musical (The Mars Volta e Dillinger Scape Plan). Muito bom para quem tem 18 anos de idade e sobrevive em um mercado rápido, onde o que não se renova, morre.

Somado à potência de "Descartáveis", "Tupamaru" e "Piada Liberal", o Dead Fish dá o recado da brutalidade na música sem abdicar da melodia. Aí mora a banda, que faz o termo CORE voltar a ter sentido de verdade, depois de amargar um longo inverno.

Nenhum comentário:

Postar um comentário