terça-feira, 19 de maio de 2009
28 anos em duas horas
Por Wender Zanon
O ano de 2009 parece reservar diversas emoções para os fãs de uma das maiores bandas de hardcore do mundo e para os fãs da Black Vomit Filmes. Vamos devagar aos fatos.] O punk rock desembarcava no Brasil após o grande estouro de 77. Bandas como Restos de Nada, Cólera e Inocentes começavam a fazer barulho por aqui e a chamar atenção de todos para uma revolução musical em território tupiniquim. Porém, somente em novembro de 1981, com os primos Jão e Betinho, surgiria uma das mais expressivas bandas brasileiras de todos os tempos. Após 28 anos dos primeiros ensaios, dos primeiros shows, de diversas mudanças de formações e flertes do punk ao metal, os Ratos De Porão continuam fazendo ‘barulho’ e conquistando fãs por onde passam. Uma prova disso é o documentário GUIDABLE – A verdadeira história do Ratos De Porão.
A produção não só une e resgata, em 121 minutos de documentário, quase três décadas de drogas, loucuras e muito barulho, contadas pelas pessoas que fizeram e pelas que ainda fazem parte desta instituição do rock pesado, diversas gerações de uma das bandas de hardcore mais importantes do cenário mundial que ainda se encontra em atividade, como serve de importante registro audiovisual sobre o movimento punk no país.
O embrião dessa idéia surgiu em 2006, com um convite feito pelos membros da banda ao diretor Fernando Rick, após o lançamento do videoclipe Covardia de Plantão, censurado pela gravadora Deck Disc. Depois de dois anos de intenso trabalho, o diretor Fernando Rick em parceria com Marcelo Appezzato apresentam ao público a história de uma das bandas mais expressivas do hardcore mundial.
Marcelo Apezzato tem 29 anos, é diretor, roteirista, argumentista, compositor e músico. É vocalista da banda paulistana HUTT e teve seus álbuns lançados no Brasil, na França e na Austrália. No mundo do cinema, seu mais recente trabalho é o roteiro do curta ESTOPIM, em parceria com Fernando Rick. Fernando Rick, 25 anos, é formado em Rádio e TV, é diretor, editor, desenhista, efeitista, roteirista e manda-chuva da Black Vomits Filmes, que em 2003 passou a ser uma das novas referências do cinema independente nacional com o cultuado média-metragem Feto Morto. Em 2006, ganhou projeção internacional ao ter participado de diversos festivais e mostras de cinema, com o curta-metragem Coleção de Humanos Mortos e com o videoclipe censurado da música Covardia de Plantão, que lhe rendeu convite para o documentário.
Para saber mais sobre o documentário realizamos uma entrevista com Fernando Rick, o diretor desse projeto sem censuras que promete resgatar toda emoção de uma das bandas que por muitas vezes se confunde com a história do punk nacional.
B.I.L- Tu afirmas que logo após a produção do videoclipe Covardia de Plantão surgiu o convite de um documentário que contasse toda a trajetória dos Ratos De Porão. Como encarastes o convite? E se pelo fato de ser um longa-metragem, documentário e representando uma das bandas mais expressiva da cena brasileira pesou muito para você?
RICK: A ‘responsa’ de fazer um documentário sobre uma das maiores bandas de hardcore do mundo é enorme! Mas ao mesmo tempo foi um prazer, pois somos muito fãs da banda e foi espetacular poder conhecer todos os caras que fizeram parte desta história. Deu um trabalhão, mas acho o resultado muito satisfatório e o pessoal da banda também curtiu muito. A história dos caras é fantástica, pro cara conseguir errar a mão com todo esse material, ele tem que ser muuuito ruim.
B.I.L- Como surgiu a parceria como Marcelo Appezzato?
RICK: Nós já nos conhecíamos por causa do HUTT e da Black Vomit. Ele entrou na produção do documentário com o processo já em andamento. Eu já tinha feito as entrevistas do Jão e do Rédson, aí ele começou a participar tirando fotos STILL pra gente, mas o cara é talentoso pra caralho e entende muito de som. Acabou que a participação dele foi essencial e ele começou a dirigir o DOC comigo, também editou comigo. Hoje ele é roteirista da Black Vomit e cria a maioria das coisas novas, agora.
B.I.L- Ratos de porão completam em novembro 28 anos de estrada e em dois anos tu teve a tarefa de fazer esta adaptação de forma totalmente independente. Das mais 200 horas de entrevistas captadas restaram duas horas. Qual foi a tua principal preocupação durante esse tempo? Quais as principais dificuldades que vocês enfrentaram?
RICK: Dinheiro é sempre um problema, a equipe trabalhou na brodagem e o equipamento na maioria era tudo emprestado, câmeras, refletores, áudio... Então, o lance é que em toda gravação, a correria era gigantesca para que tudo funcionasse. Depois de gravar umas 10 entrevistas, vimos que a câmera principal nossa estava com um problema no áudio e ficava um ruído horrível. Maior azar! Isso exigiu mais um monte de brodagem de amigos para fazer a pós de áudio e tentar dar uma arrumada no som. Ou seja, tudo na base do "uma mão lava a outra".
B.I.L - Tu citas diversas vezes que o documentário aborda a história SEM CENSURA da banda. Como tu guiaste o documentário para que abordasse cada capitulo da trajetória da banda? O que os fãs podem esperar dessa produção?
RICK: O documentário segue de forma linear, com os próprios integrantes contando a história, e os caras são doidões, sem papas na língua, não tem assunto que eles não falem, de cadeia a drogas, tudo é abordado. Os fãs podem esperar o mais completo e verdadeiro relato sobre a banda, o qual fiz questão que ficasse divertido e agradasse tanto os fãs mais hardcore quanto as pessoas que não têm idéia do que seja o Ratos, Hardcore, etc...
B.I.L - Deixamos este espaço para tuas considerações finais e também nos falar o que podemos esperar das tuas novas empreitadas com ou sem a Black Vomit filmes?
RICK: Agradeço pela força e atenção. Pra este ano temos 2 roteiros de curtas e mais alguns outros projetos, foda é que temos que conciliar a Black Vomit com nossos outros trabalhos, eu trampo na TV Cultura, a maioria da equipe tem trabalho em outro canto, ou seja, tempo é complicado, mas estamos levando e não vamos parar tão cedo
Mais infos: http://blackvomit.com.br/guidable/
... E para o pessoal que ficou ansioso para curtir o show deles( assim eu espero! ) não te reprimas. Em JuNHO, coletivo B.I.L ( Bandas Independentes Locais ) em parceria com o Studio Rock Bar trazem pela primeira vez em Canoas RATOS DE PORÃO. Os ingressos já estão à venda nas lojas Back in Black de Canoas, Porto Alegre e Novo Hamburgo, na Onira tattoo e também na APLACE ou diretamente com as bandas pelo valor de R$20. Na hora, como de costume, o valor aumenta um pouco e passa para R$ 25... Mais informações ; bandasindependenteslocais@hotmail.com ou pelo fone (51) 84402222.
Por Wender Zanon
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