quinta-feira, 27 de agosto de 2009

A política do rock ( Paulo Germano )

Enquanto a cena de Porto Alegre padece moribunda, implodindo em decadência feito o Congresso Nacional, com bandas mais desunidas que a cúpula do PT, eis que surge uma esperança, uma luz, um exemplo, uma lição, um messias, uma bênção, enfim, um troço massa mesmo.

Mais romântica que um cara-pintada, mais ingênua que a oposição do PCO (ok, tá enchendo o saco essa analogia com a política, mas é importante, acredite), mais combativa que a Heloísa Helena, uma turma da Região Metropolitana vem dando aula de como se constrói uma cena roqueira.

Porque, para montar uma cena, é preciso romantismo, ingenuidade e combatividade. Talvez política não seja só isso, mas rock é. E é o que falta em Porto Alegre, onde há bandas excelentes — mas, ou se unem para enfrentar as dificuldades todas, ou seguirão paparicadas só aqui nesta coluna.

Bueno, o fato é que de uns anos para cá uma ideia cresce na Região Metropolitana, e as bandas lotam bares a torto e a direito, e parcerias são fechadas com as prefeituras, e grupos de outros Estados tocam em Canoas, e festivais fervilham sem parar, e uma banda chamada Cu Sujo tem público cativo. Troço fantástico!

Trata-se dos "coletivos". São associações sem fins lucrativos que reúnem uma penca de bandas, produtores, donos de estúdios etc. O lance é baseado na tal "economia solidária". Por exemplo, se o vocalista de uma banda é designer, ele cria o logotipo do estúdio de outro integrante do coletivo. Em troca, vai gravar duas músicas de graça. Já se um guitarrista manja de eletrônica, ele conserta um amplificador e, na permuta, vai receber tantas horas de ensaio. Genial o troço!

— Isso tudo só funciona quando a cena anda. Um ciclo econômico começa a funcionar e, daqui a pouco, todos conseguem se manter — explica Wender Zanon, um dos cabeças do Coletivo BIL (Bandas Independentes Locais), de Canoas.

É tanta banda unida que, naturalmente, chama a atenção. A prefeitura de Canoas — aqui, em um exemplo de política justa — convocou o BIL para montar um palco alternativo na Festa do Trabalhador, um evento tradicional da cidade no Dia do Trabalho.

Em julho, o coletivo levou para Canoas o Ratos de Porão, que sequer deu as caras em Porto Alegre. O BIL ainda organizou o 1º Festival Canoense de Videoclipes Independentes e, em três anos, lançou três coletâneas com bandas locais. Pelo amor de Deus, isso é sensacional!

Outros coletivos pipocam em Esteio, São Leopoldo e já chegam a Santa Maria, Venâncio Aires e Pelotas. Na Capital, desde 2007 existe o Coletivo ExtremoRockSul, com adesão ainda tímida.

— Exatamente por sermos de Porto Alegre, nos sentimos na obrigação de propagar essa ideia — diz o produtor Juliano Fraga, romântico feito um cara-pintada.

Assim é que se faz política no rock.

Fonte: Paulo Germano
http://www.clicrbs.com.br/remix
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Matéria publicada na Zero Hora de hoje, 26/08/2009, abordando a importancia do trabalho coletivo e focando as atividades e importância do coletivo B.I.L.

Em breve postarei outras matérias que foram vinculadas na imprensa nos ultimos meses. Já deveria ter feito isso, mas devido a falta de tempo. Bom, agora eu prometo! Aguardem...

Abs
Wender Zanon

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